segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ONDE ESTÃO OS ORIGINAIS DO ANTIGO TESTAMENTO?

Os originais do AT não existem porque na época em que foram escritos, utilizava-se a folha do papiro como suporte da escrita e essas folhas, quando manuseadas não duravam mais de 50 anos. Assim, todos os livros originais do AT, poucos anos depois de terem sido escritos já tinham desaparecido. De todos os manuscritos da Bília, os mais antigos são os que foram encontrados no Mar Morto e que datam do séc. I a. C..
Desses livros foram sendo feitas cópias e o AT, tal como o temos hoje, resultou de um longo processo  de esforço de preservação desse material.
Podem dividir-se em 5, as etapas de elaboração desse texto:
- A etapa de Pluralismo Textual (do ano 1000 a. C. - 70 d.C.): Surgiram várias versões diferentes do mesmo livro. Como as cópias eram feitas à mão, podiam ocorrer modificações voluntárias ou involuntárias do texto. Muitas vezes também acontecia que o copista perante 2 versões do mesmo texto, fizesse uma cópia colocando as duas, por não saber qual aquela que respeitava o original.
Após o ano 70 d. C., em que foi destruido o Templo de Jerusalém, os judeus agarraram-se o texto bíblico para se manterem unidos na fé. Deram-se, então, conta das diferentes versões que circulavam nas comunidades. Entra-se na 2ª Etapa.
- A etapa da Fixação do Texto Consonântico: Porque como a língua hebraica não se escrevia com vogais, mas apenas com consoantes, tentou-se fixar o texto consonântico. De finais do Séc. I até ao Séc. VI. Os "escribas" ou "soferim" fizeram, então, um trabalho monumental: estudaram os manuscritos, descobriram as diferenças, trataram de encontrar a versão original, eliminaram as variantes e, após um minucioso trabalho, chegaram à fixação do texto hebraico definitivo. Além disso, tomaram uma série de medidas para que o texto não voltasse a ser adulterado: separaram as palavras entre si (antes era costume escrever tudo seguido),  dividiram o texto em versículos para que fosse mais fácil copiá-lo e contaram uma por uma todas as letras de cada livro, para que nas cópias seguintes se pudesse saber se sobrava ou faltava alguma palavra. Formaram também uma lista com todas as palavras, e a quantidade de vezes que aparecem em cada livro.
Mas como o hebraico foi sendo esquecido, dado que no uso quotidiano foi substituído pelo aramaico, um grupo de estudiosos judeus que vivia na cidade de Tiberíades (Galileia) inventou 10 vogais para facilitar a leitura correcta do texto em hebraico. Esses rabinos foram chamados massoretas (massora = tradição). Entra-se na 3ª Etapa.
- A etapa da Fixação do Texto Vocálico: a tarefa dos massoretas foi decidir palavra por palavra, quais as vogais que lhe deviam ser apostas. Esta tarefa durou desde o séc. VI ao séc. IX. O texto vocalizado passou a chamar-se "texto massorético".  Acontece que para que os textos sem vogais não fossem utilizados, prestando-se à confusão, os massoretas decidiram queimá-los. ´
Mesmo assim, dado que as cópias eram feitas à mão, continuou a haver erros e diferentes versões do AT. Até que em 1445 sucedeu um facto decisivo: a invenção da imprensa. Inicia-se a 4ª Etapa.
- A etapa do Texto Impresso: em 1488 fez-se pela 1ª vez a impressão de um texto do AT, por iniciativa de um grupo de judeus da cidade italiana de Soncino. Eles imprimiram o manuscrito que tinham à mão na sua sinagoga. A imprensa melhorou muito a qualidade da Bíblia, mas prevalecia o problema de saber se a cópia era fiavel. Então, em 1937, dois investigadores alemães (P. Kahle e R. Kittel) concluiram que o texto mais credível para imprimir era o "Códice de S. Petersburgo", um manuscrito do ano 1008 d. C., que tinha o privilégio de ser o mais antigo manuscrito da Bíblia hebraica completa existente no mundo. Encontra-se na Biblioteca Pública Nacional  de S. Petersburgo (Rússia). Chamaram a essa cópia "Bíblia Hebraica".
No entanto, estes estuduiosos, corrigiram o texto, acrescentaram-lhe palavras, frases e variantes de outros manuscritos. Eles julgavam que assim melhoravam o texto. Assim a "Bíblia Hebraica" já não tinha o texto mais antigo. Então, em 1977, outro filólogo alemão, chamado W. Rudolph decidiu publicar uma nova bíblia, seguindo o mesmos Códice. Chamou-lhe "Bíblia Hebraica Stuttgartense". Esta foi a 5ª Etapa.

Fonte : Ariel Álvarez Valdés ( In  Bíblica, Set-Out 2010)

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